Filhos da Sagrada Família - Vocações Manyanet
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Por: Postulante Yágor Barbosa,     19/01/2023 |  01:36:10
A Criação segundo Santo Agostinho

 

Bom dia a Todos! Gostaria de iniciar cumprimentando e todos que compõe essa banca e agradecer de maneira especial meu orientador prof. Dr. Rogério Miranda de Almeida, o arguidor Prof. Dr, Irineu Letenski, e o diretor do curso prof. Dr, Teodoro Hanicz, de maneira especial a minha comunidade que está aqui presente, e também a todos que estão aqui presentes.

 

O título do meu trabalho de conclusão de curso ficou como: A Criação segundo Santo Agostinho. O motivo da escolha desse tema é que desde minha adolescência questionamentos sobre de onde viemos sempre me chamaram muito atenção, sobretudo o presente na narrativa bíblica. Porém o interesse em relação a criação em Santo Agostinho (354 - 430) se deu na disciplina de História da Filosofia Medieval, donde percebi que o tema participava das reflexões de caráter filosófico e que já foi apresentada por um dos maiores pensadores do mundo cristão, Santo Agostinho. Uma das coisas que me preocupava em relação da escolha desse tema era de ser exclusivamente da teologia, contudo, como já mencionei me dei conta de que podia ser trabalhado em filosofia enquanto participava das aulas com o prof. Rogério.

 

Então, o meu objetivo no trabalho foi tratar a criação justamente do ponto de vista filosófico, mais especificamente elaborar reflexões no entendimento do grande pensador medieval Santo Agostinho, tendo a pesquisa bibliográfica como metodologia de pesquisa, e como principal fonte de pesquisa duas grandes obras do bispo de Hipona, Confissões e Comentário Literal ao Gênesis. Mesmo sendo essas as nossas referencias, não me limitei a elas, pois também utilizei na monografia obras como: O Livre-Arbítrio, A Trindade, Cidade de Deus, etc. Que também são clássicos do pensamento agostiniano.

 

Pude notar em minha pesquisa que o conceito de criação nas obras deixadas por Santo Agostinho é um de seus conceitos fundamentais juntamente com beleza, bondade e outros. Pois para se falar desse dois mencionados, tem por necessidade falar também da criação, e para se falar da criação tem por necessidade ter que tratar da ideia por trás dessas duas palavras. Isto, porque bondade, beleza e criação são intrínsecos no entendimento do doutor da graça. Verifiquei isso quando o belo e o bem, são obras de Deus, e toda a sua criação é dotada de beleza e bondade, por ser Ele o seu autor. Feitas essas considerações já menciono que o meu TCC foi dividido em três capítulos, e que por meio deles foi desenvolvido o porquê Deus cria tudo e qual a finalidade do cosmos.

 

No primeiro capítulo, que está intitulado O Ser e o Tempo foi abordado justamente o que Santo Agostinho entende por criação, que em sua concepção se resume em um ato livre da vontade de Deus. Porém, quando fala em criação deve-se entender que existe um ser por trás dela, então em um primeiro momento compreendi que a maneira que se encontra a existência d’Ele pode se dar na observação do universo, donde sua constante mutação e tendência ao não ser (do universo) apontam para o Ser imutável. Para em seguida chegar propriamente na demonstração da existência de Deus do filosofo hiponense, que é totalmente baseada na ideia de uma verdade absoluta.

 

Uma outra seção importante apresentada nesse capítulo, é a intitulada “A Trindade”, pois nela é observado que o Criador é trino e uno, e não se limita a nenhuma coisa. Posteriormente, ainda nesse capítulo, foi apresentado o início do ato criador, que no pensamento de Santo Agostinho segue o modelo apresentado nos capítulos um e dois do Gênesis, que será abordado duas criaturas que antecede o tempo, que são o céu e a terra informe, juntamente com reflexões sobre o tempo, que foram embasadas no livro XI das Confissões. Vale destacar que desse ponto até o início do capítulo três, o trabalho será eivado de uma característica analítica, pois tendo Agostinho um modelo de como se reproduziu o ato criador da Divindade, as reflexões se darão em ideias sobre esse modelo de criação.

 

No segundo capítulo, que está intitulado A obra dos seis dias, discorri sobre todo o capítulo “um” do primeiro livro bíblico, onde a reflexão é concentrada na obra dos seis dias. Nela, os dois polos principais são o primeiro e o sexto dia, pois nesses são criadas as duas naturezas racionais feitas por Deus: os anjos (na figura da luz) e o homem. A luz porque toda a dinâmica dos seis dias é feita em torno dela, e o homem porque sobressai sobre a natureza angélica sendo feita como “imagem e semelhança de Deus”. E tal nobreza apresentada no homem, é de tão grande importância porque por meio dela veremos um vestígio as Santíssima Trindade no homem, que basicamente está nas seguintes faculdades: memoria dei, inteligência e amor.

 

Por fim, o terceiro capítulo intitulado de A Segunda tradição e a finalidade da criação é uma espécie de epílogo, apresentando a complementariedade entre as duas tradições do Gênesis. Isso por que para o doutor da graça, não existia uma oposição entre as duas narrativas bíblicas, mas uma complementariedade, já que uma se tratava da criação da natureza das coisas e outra de um possível processo de desenvolvimento do universo. Nesse capítulo, um outro foco é a questão da alma humana e sua relação com o corpo, que no pensamento agostiniano não há um dualismo, mas sim, um entendimento de que são dois princípios que constitui a natureza humana. Outro ponto a ser tratado é a obra de Deus sendo observada como um reflexo da beleza e bondade d’Ele, e a finalidade de toda a criação consistindo em um retorno para o seu Criador, donde isso pode ser observado com maior clareza no homem, que para Santo Agostinho só se realiza e encontra sua quietude em seu Deus.

 

E foi assim que o trabalho foi desenvolvido, podendo também conduzir a futuras pesquisas, como um entendimento da criação propriamente na teologia, já que esse tema está muito próximo desse campo do saber, como também em questões biológicas e físicas.

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